domingo, 10 de setembro de 2006

L’ Étac c’ este Lui O Estado é ele

Novo herdeiro do trono japonês nasceu, mas qual é a importância disso?




Símbolo de poder e riqueza desde que mundo é mundo as famílias reais tiveram sua origem há vários milênios. Os reis surgiram na passagem do homem da pré-história à história, tanto como faraós no Egito ou imperadores na Mesopotâmia eles unificaram nações e centralizaram o poder, foram fundamentais na criação do Estado, que evoluiu para o que conhecemos hoje. Os reis e suas famílias exerciam poder absoluto sob seus reinados. Um exemplo disso foi o Rei Luís XIV da França, autor da célebre frase, “L’Etact c’est moi” (O Estado sou eu), que foi um dos mais absolutistas governantes de toda à história. Dos castelos medievais aos dias de hoje as famílias reais quase não mudaram sua estrutura. Continuam passando seu poder por hereditariedade, tentando preservar ao máximo sua dinastia de origem. Mas os tempos são outros. O mundo se democratizou, a população passou ter voz ativa na decisão de seus presidentes ou indiretamente com os primeiros ministros, a monarquia deixava de ser destaque na forma de governo. Mas não pense que os castelos desmoronaram, a rainha Elizabeth que o diga. “A rainha da Inglaterra não governa, diferentemente do primeiro ministro, mas a figura da rainha simboliza o Estado, é figura sagrada que mantêm o equilíbrio da democracia inglesa” afirma Francisco Vinhosa professor de história da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Além disso, as famílias reais ainda contam com muito apoio da população. Provavelmente você nunca ouviu falar de João Felipe de Orleans e Bragança, pois então saiba que ele seria seu príncipe, como há treze anos um plebiscito, já previsto desde 1889, mostrou, em pleno Governo Collor, que a monarquia seria muito bem vinda “O que não foi nenhuma surpresa diante da mazela da nossa política republicana” comenta Francisco. Por isso mesmo, os reis e imperadores são queridos onde existe, o nascimento do novo herdeiro do trono japonês, Hisahito, que significa “homem sereno e virtuoso”, foi uma boa prova disso. O mundo oriental parou para festejá-lo, e motivo para isso eles têm. “Os Estados Unidos, durante a Primeira Guerra mundial, destronaram o imperador alemão e forçaram uma democracia que logo foi tombada pelos militares de Hitler dando origem ao nazismo e posteriormente à Segunda Guerra Mundial, tendo aprendido à lição o governo estadunidense não destronou o império japonês, ou seja, manteve um governo legitimado e central, diferentemente do caos alemão” Disse o professor “ O nascimento do herdeiro não é portanto um fato social mas sim um fato de alta representatividade política para o seu país” Completa. O mais novo membro da sucessão ao trono nipônico é o terceiro na linha de posse, além de dar certo alívio quanto à continuidade da Família Real japonesa, Hisahito pôs de lado a discussão de sua irmã, Aiko, tornar-se algum dia imperatriz. Porém mais do que nunca o Japão está em festa, sua dinastia continuará viva, para a alegria deles e de suas tantas outras majestades...