sexta-feira, 12 de janeiro de 2007


O que os outdoors não mostram

Você sabe o que eu quero dizer
Não está escrito nos outdoors
Por mais que a gente grite
O silêncio é sempre maior



O trecho acima, da música “Além dos outdoors” – Engenheiros do Hawaii, ilustra bem a situação com a qual muitas vezes nos deparamos, principalmente em momentos em que começamos o ano num ambiente político que parece mais uma grande peça de teatro.
Mas há saídas para melhorar, apesar de os outdoors e quase toda a mídia de massa (que nem sempre visa atender às reais necessidades dos brasileiros), dançar no ritmo de outra orquestra que não a verdadeira democracia, dando-nos a impressão de que o silêncio será sempre a nossa única palavra. Não devemos, no entanto, deixar-nos levar pela ilusão de que o silêncio é a melhor política, afinal, fazer política é obrigação de todo cidadão que tem um mínimo de compromisso.
Mas o que tem a ver política com mídia e outdoor? E como se pode fazer política diante da vergonha a que o país muitas vezes tem sido exposto? Primeiro, vale lembrar que política não é só partidária, que há a política da boa vizinhança, que freqüentar a escola, a igreja e tantas outras atitudes comuns, são atos políticos. Segundo, que a comunicação de massa no Brasil, historicamente, tem sido um instrumento que atende fortemente a interesses partidários de grupos restritos. O que fazer então, frente a esta situação de “Davi contra Golias”? Nem passividade nem radicalismos resolverão problemas ou ajudarão a melhorar a situação do país. O X da questão é fazer o que está ao nosso alcance. E seria uma atitude covarde tentarmos nos justificar dizendo que não há nada ao nosso alcance. Um grande exemplo de que alternativas são possíveis, são as mídias alternativas que surgem e estão, lentamente, ganhando força no país. E o mais importante, estas mídias (rádios comunitárias, jornais hebdomadários, blogs, fóruns de discussão, entre outros) vêm tendo a oportunidade de assumir seu papel de maneira independente, sem necessitarem de assistencialismo ou ficarem restritas a um grupo muito seleto. Enfim, elas estão crescendo e subsistindo por si próprias, dando sua generosa contribuição para a melhoria de nossa sociedade.
Se não podemos ou não queremos assumir alternativas, seja na política partidária, seja em outras maneiras de se fazer política, resta-nos promover, apoiar e difundir idéias sérias que nos são apresentadas, colaborando para que estes meios alternativos cresçam e se multipliquem (não só no número de exemplares ou de acessos, mas principalmente na difusão de valores e democracia). E não devemos nos esquecer: o que não está escrito nos outdoors pode estar em lugares alternativos, é só procurar.