A crase e a palavra dona
Um estudante passa em média 15 anos numa sala de aula. E quando precisa fazer uso da escrita, depara-se com várias dúvidas. Hoje, farei menção a uma delas: a crase. Muitas pessoas, independentemente de nível de escolaridade, não sabem quando o a deve receber o acento grave ou indicador de crase ( ` ).
Primeiramente, precisamos esclarecer: crase é o nome de um fenômeno lingüístico, ou seja, a fusão, a contração de dois sons idênticos. Não é nome de acento, portanto.O a só receberá esse sinal quando houver a fusão de dois aa: preposição + artigo definido feminino = à(s); pronome demonstrativo + artigo = à(s); preposição + o a inicial do pronome demonstrativo aquela, aquele e aquilo.
Na falta de um desses as, não haverá crase e, por conseguinte, o a não receberá o sinal da crase.
São muitas as dúvidas sobre a crase. Apesar disso, a maioria das gramáticas, dos livros textos, dos manuais traz regras, macetes e alguns expedientes que não contribuem em nada. É preciso compreender o mecanismo da contração. Para isso, deve-se usar o raciocínio, e não a "decoreba".
Observe o que alguns autores afirmam sobre esse fenômeno em relação à palavra dona. Mas, antes, permita-me uma nota prévia: não identifico as obras e os autores que vou criticar, apenas os cito, pois nunca quis nem quero ofender ninguém.
Minimanual Compacto de Gramática
Marília Cecília Garcia e Benedicta Aparecida Costa dos Reis
Existem três pronomes de tratamento que aceitam o artigo e, portanto, a crase. São eles: senhora, senhorita e dona. Pág. 51.
Manual de Gramática
Luiz Fernando Mazzarotto
Casos proibitivos: pronomes de tratamento. Exceção: senhora e senhorita. Pág. 34, item 5.
Manual de Redação e Estilo
Eduardo Martins
Não se usa crase antes de: dona e madame. Há crase se o dona ou o madame estiverem particularizados. Pág. 317, item 12.
Gramática Português Fundamental
Douglas Tufano
Os pronomes senhora e senhorita são exceções e admitem crase. Pág. 213.
Dicionário de Erros Correntes da Língua Portuguesa
João Bosco Medeiros e Adilson Gobbes
Não ocorre crase antes de formas de tratamento: Vendi o Carro a Dona Marta. Pág. 53.
Nossa Gramática Teoria e Prática
Luiz Antonio Sacconi
Casos, portanto, que dispensam o uso do acento grave, indicador da crase: g) antes da palavra Dona (que se abrevia D. Se, porém, a palavra dona vem modificada por adjetivos, cabe o acento. Ex.: Entreguei a chave à simpática Dona Teresa. Pág. 416.
Novíssima Gramática da Língua Portuguesa
Domingos Paschoal Cegalla
Casos em que não há crase: 8) antes de artigos indefinidos e de pronomes pessoais (inclusive de tratamento, com exceção de senhora e senhorita) e interrogativos. Pág.
259.
Conclui-se, portanto, que muitos autores não chegam a um consenso. Logo, fica bastante complicado compreender esse caso. Não há necessidade de decorar tantas regras. Basta apenas analisar o contexto lingüístico. A regra é uma só: o raciocínio.
Veja outros exemplos:
• O aluguel foi pago à dona.
Aqui ocorreu crase porque a palavra dona tem valor semântico de proprietária.
• O aluguel foi pago à proprietária.
• Enviei a correspondência à querida Dona Maria.
O adjetivo simpática antecede o vocábulo Dona. Logo, há crase.
• Referiu-se à Dona Flor dos dois maridos.
Há particularização do termo dona. Acento no a, portanto.
• Andréia é a dona da padaria.
O a não é acentuado, pois é meramente um artigo.
• O carteiro entregou a encomenda a Dona Matilde.
Por se tratar de preposição pura, o a não recebe o sinal da crase.
• Oh, Dona, estacione seu carro aqui!
Sem preposição e sem artigo.
• Vi a Dona Maria no portão.
Sem o acento indicador de crase. Há somente artigo.
• Vi Dona Maria no portão.
Caso já mencionado.
• Dei o cartão à Dona Balbina.
Com acento, pois ocorre a fusão dos aa.
Nessas últimas quatro estruturas, a ocorrência ou não da crase, dependerá de região para região. Algumas usam o artigo; outras, não. Nos Estados do Sudeste e Sul do Brasil é comum o uso do artigo. Por isso, é comum o acento grave no a.
Importante: as palavras dona, senhora, senhorita e madame constituem títulos ou formas de tratamento, e não pronomes.
É isso.
Um estudante passa em média 15 anos numa sala de aula. E quando precisa fazer uso da escrita, depara-se com várias dúvidas. Hoje, farei menção a uma delas: a crase. Muitas pessoas, independentemente de nível de escolaridade, não sabem quando o a deve receber o acento grave ou indicador de crase ( ` ).
Primeiramente, precisamos esclarecer: crase é o nome de um fenômeno lingüístico, ou seja, a fusão, a contração de dois sons idênticos. Não é nome de acento, portanto.O a só receberá esse sinal quando houver a fusão de dois aa: preposição + artigo definido feminino = à(s); pronome demonstrativo + artigo = à(s); preposição + o a inicial do pronome demonstrativo aquela, aquele e aquilo.
Na falta de um desses as, não haverá crase e, por conseguinte, o a não receberá o sinal da crase.
São muitas as dúvidas sobre a crase. Apesar disso, a maioria das gramáticas, dos livros textos, dos manuais traz regras, macetes e alguns expedientes que não contribuem em nada. É preciso compreender o mecanismo da contração. Para isso, deve-se usar o raciocínio, e não a "decoreba".
Observe o que alguns autores afirmam sobre esse fenômeno em relação à palavra dona. Mas, antes, permita-me uma nota prévia: não identifico as obras e os autores que vou criticar, apenas os cito, pois nunca quis nem quero ofender ninguém.
Minimanual Compacto de Gramática
Marília Cecília Garcia e Benedicta Aparecida Costa dos Reis
Existem três pronomes de tratamento que aceitam o artigo e, portanto, a crase. São eles: senhora, senhorita e dona. Pág. 51.
Manual de Gramática
Luiz Fernando Mazzarotto
Casos proibitivos: pronomes de tratamento. Exceção: senhora e senhorita. Pág. 34, item 5.
Manual de Redação e Estilo
Eduardo Martins
Não se usa crase antes de: dona e madame. Há crase se o dona ou o madame estiverem particularizados. Pág. 317, item 12.
Gramática Português Fundamental
Douglas Tufano
Os pronomes senhora e senhorita são exceções e admitem crase. Pág. 213.
Dicionário de Erros Correntes da Língua Portuguesa
João Bosco Medeiros e Adilson Gobbes
Não ocorre crase antes de formas de tratamento: Vendi o Carro a Dona Marta. Pág. 53.
Nossa Gramática Teoria e Prática
Luiz Antonio Sacconi
Casos, portanto, que dispensam o uso do acento grave, indicador da crase: g) antes da palavra Dona (que se abrevia D. Se, porém, a palavra dona vem modificada por adjetivos, cabe o acento. Ex.: Entreguei a chave à simpática Dona Teresa. Pág. 416.
Novíssima Gramática da Língua Portuguesa
Domingos Paschoal Cegalla
Casos em que não há crase: 8) antes de artigos indefinidos e de pronomes pessoais (inclusive de tratamento, com exceção de senhora e senhorita) e interrogativos. Pág.
259.
Conclui-se, portanto, que muitos autores não chegam a um consenso. Logo, fica bastante complicado compreender esse caso. Não há necessidade de decorar tantas regras. Basta apenas analisar o contexto lingüístico. A regra é uma só: o raciocínio.
Veja outros exemplos:
• O aluguel foi pago à dona.
Aqui ocorreu crase porque a palavra dona tem valor semântico de proprietária.
• O aluguel foi pago à proprietária.
• Enviei a correspondência à querida Dona Maria.
O adjetivo simpática antecede o vocábulo Dona. Logo, há crase.
• Referiu-se à Dona Flor dos dois maridos.
Há particularização do termo dona. Acento no a, portanto.
• Andréia é a dona da padaria.
O a não é acentuado, pois é meramente um artigo.
• O carteiro entregou a encomenda a Dona Matilde.
Por se tratar de preposição pura, o a não recebe o sinal da crase.
• Oh, Dona, estacione seu carro aqui!
Sem preposição e sem artigo.
• Vi a Dona Maria no portão.
Sem o acento indicador de crase. Há somente artigo.
• Vi Dona Maria no portão.
Caso já mencionado.
• Dei o cartão à Dona Balbina.
Com acento, pois ocorre a fusão dos aa.
Nessas últimas quatro estruturas, a ocorrência ou não da crase, dependerá de região para região. Algumas usam o artigo; outras, não. Nos Estados do Sudeste e Sul do Brasil é comum o uso do artigo. Por isso, é comum o acento grave no a.
Importante: as palavras dona, senhora, senhorita e madame constituem títulos ou formas de tratamento, e não pronomes.
É isso.