É fácil e cada vez mais comum baixar episódios de séries americanas, inclusive as inéditas no Brasil
Por Egnaldo Lopes, do JE em GOIÂNIA
Perdidos numa ilha, isolados da realidade, alucinados por acontecimentos que fogem ao imaginário comum: não, esses não são os personagens do seriado americano Lost, são os jovens cada vez mais interessados nesse tipo de diversão: baixar episódios inéditos de produções americanas cada vez mais sofisticadas em termos de efeitos especiais e que trazem assuntos cada vez mais polêmicos e instigantes.
Lost é, sem dúvida, uma referência a essa prática cada vez mais comum: mais da metade dos jovens que acompanham a série não o fazem pela exibição na TV paga, no canal AXN e muito menos pela atrasada TV aberta (a TV Globo exibiu no início do ano a segunda temporada; a terceira tem previsão de ir ao ar apenas no próximo ano). Mas não é apenas Lost que ganhou o gosto dos jovens brasileiros; a nova Heroes, exibida no Brasil pelo Universal Channel, também já é encontrada nos sites que disponibilizam episódios inéditos no Brasil. O site Mininova é o mais utilizado para baixar arquivos .torrent, os episódios disponibilizados na rede.
Alessandro Vieira dos Reis, psicólogo formado pela UFSC, questionado sobre o porquê do interesse dos jovens, já crescidinhos, por enredos como o de Heroes, que trata de jovens com super-poderes, como teletransporte e levitação, responde: ‘eu arrisco uma resposta enfocando a parte dos adolescentes: nessa faixa etária, eles precisam de modelos. O herói super-poderoso é uma inspiração, pois é alguém que consegue superar grandes desafios por mérito próprio, com suas habilidades e virtudes éticas. Essa inspiração é salutar para o adolescente projetar sua identidade, pois ele vai absorver valores como coragem, dedicação, perseverança, etc. Aliás, o mote dessa série, Heroes, se não me engano é: "Qualquer um pode ser um herói", não?’.
Enquanto Lost e Heroes brincam com o imaginário dos adolescentes brasileiros, instigando-os com teorias que venham solucionar enigmas misteriosos e com poderes especiais, tal interesse dos internautas acaba servindo de instrumento para divulgação e popularização de séries ainda inéditas no país, é o que acontece com a dramática Jericho que acaba de ganhar a confirmação de nova temporada pela rede estadunidense CBS. Jericho conta a história de uma cidade atormentada pelo possível ataque terrorista a regiões próximas a sua localização, mostrando os conflitos da população amedrontada. Episódios de Jericho com legenda em português já estão disponíveis na rede a algum tempo e os brasileiros fazem a festa.
O jovem Leone Lacerda, 23, de Goiânia é um deles: acompanha Heroes e os mistérios que envolvem os personagens criados por Jeffrey Lieber, J. J. Abrams e Damon Lindelof em Lost, mas é também um dos novos fãs de Jericho, sem previsão de estréia por aqui: ‘Acho a série muito boa. Começou muito dramática, envolvendo muito cada personagem, mas do meio da série pro final, focou bastante o conflito e o ataque nuclear, o que deixou a série em altos patamares, pois o público até que estava gostando de ver todos em estado de sítio e as reações de cada um, porém quando se focou no ataque a série ganhou muito, pois o que mais se teme nos dias de hoje (nos EUA, Reino Unido e em vários outros países) é um conflito que envolva armas nucleares. ’, analisa.
Membros de comunidades no orkut também refletem a explosão dos tele-seriados estrangeiros no Brasil: ‘Essa "explosão" só ilustra a integração que o Brasil está gradativamente tendo com o resto do mundo, globalização, que, apesar de em seu sentido original significar a integração de todo o mundo, acontece em ritmos diferentes para os diversos paises do mundo. O canal de maior influencia desse fenômeno, a internet, está sendo utilizado por mais brasileiros, estamos nos informatizando. É mais do que esperado que a rede proporcionasse acesso a materiais antes exclusivos de seus paises criadores, ou de paises desenvolvidos, onde o acesso aos diversos meios de comunicação é mais universalizado. Em suma, estamos apenas sintonizando nosso cotidiano, interesses e cultura com o resto do mundo. O que pode faltar é a oportunidade; essa existindo, não há motivos para não fazer algo’, diz o jovem Emerson Ferreira, 20, São Paulo.
E explicam o óbvio motivo do porque de assistir os episódios na internet, mesmo sendo transmitidos pela TV: ‘Os seriados têm qualidade em tudo... E têm para todos os gostos. TV aberta no Brasil [...] não respeita [a exibição dos seriados]: troca de horário o tempo todo; quando não troca é porque passa de madrugada ou de manhã aos domingos; enche de intervalos e propagandas, enfim, quem tem bom acesso a internet e gosta de séries, vai priorizar ver por aqui’, acrescenta o baiano Cássio Almeida, 18 anos de idade.
Na dúvida: não é crime baixar os episódios na internet, desde que, é claro, sejam para uso próprio. Então, baixou? Assistiu? Delete o episódio e divirta-se.
Por Egnaldo Lopes, do JE em GOIÂNIA
Perdidos numa ilha, isolados da realidade, alucinados por acontecimentos que fogem ao imaginário comum: não, esses não são os personagens do seriado americano Lost, são os jovens cada vez mais interessados nesse tipo de diversão: baixar episódios inéditos de produções americanas cada vez mais sofisticadas em termos de efeitos especiais e que trazem assuntos cada vez mais polêmicos e instigantes.
Lost é, sem dúvida, uma referência a essa prática cada vez mais comum: mais da metade dos jovens que acompanham a série não o fazem pela exibição na TV paga, no canal AXN e muito menos pela atrasada TV aberta (a TV Globo exibiu no início do ano a segunda temporada; a terceira tem previsão de ir ao ar apenas no próximo ano). Mas não é apenas Lost que ganhou o gosto dos jovens brasileiros; a nova Heroes, exibida no Brasil pelo Universal Channel, também já é encontrada nos sites que disponibilizam episódios inéditos no Brasil. O site Mininova é o mais utilizado para baixar arquivos .torrent, os episódios disponibilizados na rede.
Alessandro Vieira dos Reis, psicólogo formado pela UFSC, questionado sobre o porquê do interesse dos jovens, já crescidinhos, por enredos como o de Heroes, que trata de jovens com super-poderes, como teletransporte e levitação, responde: ‘eu arrisco uma resposta enfocando a parte dos adolescentes: nessa faixa etária, eles precisam de modelos. O herói super-poderoso é uma inspiração, pois é alguém que consegue superar grandes desafios por mérito próprio, com suas habilidades e virtudes éticas. Essa inspiração é salutar para o adolescente projetar sua identidade, pois ele vai absorver valores como coragem, dedicação, perseverança, etc. Aliás, o mote dessa série, Heroes, se não me engano é: "Qualquer um pode ser um herói", não?’.
Enquanto Lost e Heroes brincam com o imaginário dos adolescentes brasileiros, instigando-os com teorias que venham solucionar enigmas misteriosos e com poderes especiais, tal interesse dos internautas acaba servindo de instrumento para divulgação e popularização de séries ainda inéditas no país, é o que acontece com a dramática Jericho que acaba de ganhar a confirmação de nova temporada pela rede estadunidense CBS. Jericho conta a história de uma cidade atormentada pelo possível ataque terrorista a regiões próximas a sua localização, mostrando os conflitos da população amedrontada. Episódios de Jericho com legenda em português já estão disponíveis na rede a algum tempo e os brasileiros fazem a festa.
O jovem Leone Lacerda, 23, de Goiânia é um deles: acompanha Heroes e os mistérios que envolvem os personagens criados por Jeffrey Lieber, J. J. Abrams e Damon Lindelof em Lost, mas é também um dos novos fãs de Jericho, sem previsão de estréia por aqui: ‘Acho a série muito boa. Começou muito dramática, envolvendo muito cada personagem, mas do meio da série pro final, focou bastante o conflito e o ataque nuclear, o que deixou a série em altos patamares, pois o público até que estava gostando de ver todos em estado de sítio e as reações de cada um, porém quando se focou no ataque a série ganhou muito, pois o que mais se teme nos dias de hoje (nos EUA, Reino Unido e em vários outros países) é um conflito que envolva armas nucleares. ’, analisa.
Membros de comunidades no orkut também refletem a explosão dos tele-seriados estrangeiros no Brasil: ‘Essa "explosão" só ilustra a integração que o Brasil está gradativamente tendo com o resto do mundo, globalização, que, apesar de em seu sentido original significar a integração de todo o mundo, acontece em ritmos diferentes para os diversos paises do mundo. O canal de maior influencia desse fenômeno, a internet, está sendo utilizado por mais brasileiros, estamos nos informatizando. É mais do que esperado que a rede proporcionasse acesso a materiais antes exclusivos de seus paises criadores, ou de paises desenvolvidos, onde o acesso aos diversos meios de comunicação é mais universalizado. Em suma, estamos apenas sintonizando nosso cotidiano, interesses e cultura com o resto do mundo. O que pode faltar é a oportunidade; essa existindo, não há motivos para não fazer algo’, diz o jovem Emerson Ferreira, 20, São Paulo.
E explicam o óbvio motivo do porque de assistir os episódios na internet, mesmo sendo transmitidos pela TV: ‘Os seriados têm qualidade em tudo... E têm para todos os gostos. TV aberta no Brasil [...] não respeita [a exibição dos seriados]: troca de horário o tempo todo; quando não troca é porque passa de madrugada ou de manhã aos domingos; enche de intervalos e propagandas, enfim, quem tem bom acesso a internet e gosta de séries, vai priorizar ver por aqui’, acrescenta o baiano Cássio Almeida, 18 anos de idade.
Na dúvida: não é crime baixar os episódios na internet, desde que, é claro, sejam para uso próprio. Então, baixou? Assistiu? Delete o episódio e divirta-se.