segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Negócio da China


Por Luciano Raduy, do JE em Guangzhou



Outubro, Feira de Cantão novamente.O que isso significa? Cidade – ainda mais – hiperlotada, congestionamentos, hotéis com preços acima da estratosfera, restaurantes sem mesas disponíveis, estrangeiros perdidos por todos os cantos...

Este período é dureza, mas a feira tem lá seus spots reluzentes.A feira de importações e exportações de Cantão é realizada desde 1957 em Guangzhou, capital da província de Guangdong, duas vezes por ano, uma em abril e outra em outubro. É o maior evento de negócios da Ásia.

A última edição da feira recebeu 206.747 visitantes, vindos de 211 diferentes países. O número de estandes das indústrias e empresas de trading que exibiram seus produtos totalizou 31.682, e o volume de negócios ultrapassou a marca de 35 bilhões de dólares. Evento colossal! Não é à toa que a mostra é situada em dois centros de exibições de dimensões “chinesas”: Centro de Exibições Liuhua, com 70.000 metros quadrados e Centro de Exibições Pazhou, com 160.000 metros quadrados. Aliás, um conselho que se dá aos que vêm atender a feira é “tragam sapatos confortáveis, porque vocês vão andar horrores!”.



Cada edição acontece em duas fases. Na primeira, são exibidos produtos das seguintes categorias: maquinário e equipamentos, eletrônicos, ferramentas, materiais de construção, matérias-primas, mobiliário, decorações, alimentos, eletrodomésticos, têxteis e materiais de uso médico. Na segunda fase são mostrados presentes, utilidades domésticas, brinquedos, malas e mochilas, cerâmica e pedraria. Como se vê, quem vai à feira a fim de encontrar produtos para importar só não encontra se não estiver disposto a andar e procurar os fornecedores ideais. É o famoso “tem de tudo”. Caminhando pelos pavilhões nota-se a heterogeneidade do público. Diversos sotaques, cores, raças e crenças dividem o mesmo espaço, à procura do “negócio da China”.

Mais e mais brasileiros têm “acordado” para a feira. Em abril passado encontrei vários compatriotas pelos corredores de Pazhou. Para a edição de outubro, segundo a Câmara de Comércio Brasil China, mais de 500 compradores virão do Brasil para participar do evento.Mas por que os empresários têm saído do Brasil, enfrentado mais de 30 horas de avião e aterrado na distante Guangzhou, paragem de comida esquisita e povo de hábitos grotescos? Bem, dou um exemplo, extraído do meu dia-a-dia profissional: Um blister com 3 canetas esferográficas Disney, no mercado varejista brasileiro, custa R$ 6,99. Na fábrica chinesa, efetuada a conversão monetária, R$ 1,12. Contado o custo do frete marítimo e demais encargos, conclui-se que comprar canetas (e quaisquer outros bens) na China é, sim, um negocião!

Viva a China, os operários chineses e as 18 horas diárias de trabalho.