quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Adolescente na academia. Pode?



O brasileiro sempre foi conhecido pela sua preocupação com a beleza. Prova disso é que o país sempre está nas primeiras posições em todos os temas que se ligam à aparência. E quando o assunto é academia, também não fugimos a essa regra: o Brasil é o terceiro país no mundo em número de academias e o sétimo em número de freqüentadores. Dado que já é conhecido por quem vive em grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, onde existem mais de quatro mil academias, mais da metade do total brasileiro. A novidade, não está propriamente nas academias, mas sim dentro delas. Quase 25% dos freqüentadores dos grandes centros de fitness do Brasil, têm menos de 20 anos. Nunca os adolescentes se preocuparam tanto com a saúde e o corpo. Por quê?


Mesmo sendo os sétimo país em número de freqüentadores que utilizam centros de atividades físicas orientadas, é um erro achar que quase todos os brasileiros utilizam a academia. Do total da nossa população apenas 2%, ou 3,6 milhões, utiliza alguma academia. “No nosso país, a academia ainda é vista como artigo de luxo. Isto se comprova pelo valor das mensalidades, hoje a média gira em torno de R$120,00, valor ainda alto para a grande maioria dos brasileiros”, justifica Waldyr Soares, presidente da Fitness Brasil. É estranho, mas justamente os adolescentes que vão para as academias são aqueles que querem fugir da vida moderninha, principalmente a dos grandes centros urbanos, com acesso a inúmeras outras tecnologias e comodidades, leia-se um Mc Donald por esquina.


Daí para as doenças causadas pelo sedentarismo, originado nesse estilo de vida, é um pulo. "A obesidade é um doença crônica e multifatorial. Ela pode ser causada por aspectos sócio-econômicos, nutricionais, hereditários e comportamentais. Sem dúvida nenhuma, o crescimento da obesidade na adolescência está relacionado com o moderno modo de vida das pessoas. De um modo geral, as crianças, por exemplo, estão trocando a bicicleta pelo computador. As diversões são outras e as atividades, também” É o que conclui a docente Tamara Ledere Goldberg, numa pesquisa feita pela faculdade de medicina da UNESP, Universidade Estadual de São Paulo, em Botucatu. A obesidade é a doença mais popular originada pelo sedentarismo. Além de todos os riscos que ela traz, principalmente na adolescência, por acabar sendo levada à vida adulta, como riscos maiores de infartos, problemas de circulação ou diabetes, a obesidade faz estragos muito maiores: atinge o psicológico do adolescente, que se sente isolado e constrangido perante os amigos.


E é isso que a maioria dos adolescentes que praticam atividades físicas quer evitar: todos os fatores controláveis, como o sedentarismo, tabagismo e o estresse, que podem ser corrigidos com as atividades físicas, ao contrário dos chamados fatores não controláveis, como biótipo hereditário. Mas não é só: o desejo da maioria não é simplesmente evitar a obesidade, ou os riscos que ela traz. Boa parte dos adolescentes que praticam atividades, principalmente nas academias, quer ter um corpo mais atraente do que os típicos adolescentes desengonçados. Mas e aí? Isso pode ser feito numa boa?


A resposta é sim. Por muito tempo, porém, não era muito recomendada a prática de atividades físicas para adolescentes. O máximo era uma ou outra partida do esporte favorito e pronto. Ninguém queria ficar anão: um dos mitos que mais pegou quando esse assunto era tratado entre os jovens. Hoje, o adolescente é incentivado a praticar o esporte ou atividade que mais se identificar, seja ela qual for. Não há mais restrições quanto à modalidade, apenas na quantidade e é por isso que mesmo que for praticada de forma independente, sempre é bom consultar um médico e especialista para uma avaliação, sobre a carga de cada esporte.


Na tabela a seguir, a médica Ana Lúcia de Sá Pinto, pediatra e médica do esporte do Hospital das Clínicas em São Paulo, listou as atividades físicas mais praticadas entre os adolescentes. A regra geral para a prática deles, é que o adolescente deve fazer no máximo 60% da quantidade máxima feita por um adulto, no esporte relacionado. Seguindo essa regra, não há problemas. Os dados da tabela já sofreram esse desconto.




Um dos principais problemas encontrado nas academias é o adolescente que quer exceder essas recomendações, quase sempre na área da musculação, visando claro ter um corpo muito mais parecido com de um adulto. Além de ter mais dificuldade para ganhar massa, já que o metabolismo ainda está concentrado no esqueleto, a fim de completar o crescimento, o adolescente não conseguirá atingir seu objetivo: o de adquirir força. A musculação nesse período deve visar só o ganho de resistência. Além disso, uma prática de esportes mais light ajuda a melhorar outras vantagens de fazer atividades físicas, como melhorar o círculo social, ter mais postura e disciplina e claro melhor preparo físico, para curtir o verão com um corpo bacana e a saúde em dia.