Ela é considerada um dos nomes com mais credibilidade no telejornalismo brasileiro. Após 18 anos na Globo e a 3 no SBT, Ana Paula Padrão comemora um ano de seu programa com reportagens especiais, o SBT Realidade. O site, porduzido por fãs da jornalista, convidou o JE Informa para fazer algumas perguntas juntamente com outros veículos de comunicação e fãs.
Entrevista gentilmente cedida pelo site Ana Paula Padrão.
O SBT Realidade completou 1 ano. Você está satisfeita com o resultado ou espera algo mais?
Estou muito feliz com o que alcançamos até agora. O produto tem uma media de audiência que nos deixa muito felizes. Creio, inclusive, que tive um reencontro com o público que se acostumou comigo no horário noturno! No quesito anunciantes o programa também é um sucesso. E, no que diz respeito à minha satisfação pessoal, é imensa. Faço o que gosto, viajo para onde quero, montei minha própria empresa e contratei as pessoas com quem gosto de trabalhar. O que poderia ser melhor?
Das reportagens que fez para o programa, arriscaria dizer a que mais gostou e a mais complicada de fazer?
Difícil eleger a melhor. Como escolho o que fazer, são sempre assuntos que me interessam. Poderia dizer que uma das mais cansativas foi a da China, pois a viagem foi longa, a comida é muito diferente, emagrecemos muito e dormíamos muito pouco. Outra que deu um bom trabalho foi a que levamos recentemente ao ar, sobre a formatura da primeira turma da Universidade Zumbi dos Palmares. Tivemos que conversar muito com vários alunos, professores e diretores, além de consultar muitos especialistas em formação escolar no Brasil e mercado de trabalho para o negro. Enfim, foi uma pesquisa vasta, muitas locações, e ainda tínhamos que trabalhar com a factualidade da colação de grau. Deu trabalho, mas o resultado me deixou muito feliz.
Como você prepara um programa e escolhe o país? Como são feitas as pesquisas?
Tenho um arquivo gigantesco, que montei ao longo dos anos, com assuntos sobre os quais um dia gostaria de tratar. Tento conciliar esses assuntos com a disponibilidade orçamentária daquele momento, e montar as viagens de acordo com um calendário que nos permita ter uma “frente” de programas, e extrair dessas viagens sempre mais de um SBT Realidade. Em geral, trazemos também subprodutos que acabam se transformando num programa completo mais tarde. No ano passado, a cada viagem, coletávamos informações e imagens sobre a relação local entre culinária e cultura, por exemplo. Essas informações acabaram se transformando num programa completo no fim do ano passado.
Você finalmente conseguiu abrir a sua assessoria jornalística. O que isso mudou na sua vida?
Não é bem uma assessoria jornalística, trata-se, isso sim, de uma empresa de conteúdo. Criamos e desenvolvemos todo tipo de conteúdo, para TV aberta, documentários ou TV’s corporativas. Isso mudou muito minha vida, me transformou numa empresária, e tenho que separar espaço na minha agenda pra isso. Muitas pessoas agora dependem de mim, já que emprego dezenas aqui na Touareg. Isso é uma responsabilidade, e tenho que tentar manter a empresa bem, pra que todos se beneficiem disso.
Assim que você deixou a bancada do SBT Brasil você disse em uma entrevista que gostaria de ser mais Ana Paula e menos Padrão. Hoje você se considera mais Ana Paula e menos Padrão?
Muito mais. Tenho que escovar menos o cabelo. Posso usar as roupas que gosto, e não apenas aquelas que ficam bem na tv. Tenho mais tempo pra andar à toa, dar atenção aos amigos, acompanhar o crescimento do meu sobrinho… enfim, coisas que podem parecer simples pra maioria das pessoas, mas que eu nunca tive tempo de fazer. Tenho dormido melhor, tenho estado mais calma. E, acima de tudo, gosto muito mais de mim agora.
Os programas jornalísticos estão cada vez mais presentes na TV aberta brasileira, porém cada um com a sua peculiaridade. De uma forma geral, a maneira como os fatos são apresentados hoje em dia na mídia televisiva é, no seu ponto vista, válida para o cidadão que quer se manter bem informado e não tem condições de ter acesso a outros meios de comunicação?
Acho que o jornalismo, de maneira geral, seja na tv ou nos veículos impressos, está de tal maneira comprometido com interesses comerciais que fica cada vez mais difícil fazer notícia pela importância da informação, com o mínimo de isenção e imparcialidade. Estou convencida de que o cidadão precisa ter muita cultura pra separar o joio do trigo nos noticiários.
Ana, você segue umas das idéias principais de um jornalista de TV, que é a de não aparecer mais do que a notícia. Você encara bem o fato da imprensa e as pessoas considerá-la, além de talentosa, uma jornalista muito bonita?
Penei muito tempo pra me olhar no espelho e me achar bonita. Sou daquela geração de mulheres para as quais a beleza não podia ser vista como uma vantagem comparativa, e nunca podia ser colocada em primeiro plano. Hoje gosto muito mais de me cuidar, parecer feminina e bonita, porque não? E depois, na idade em que estou, acho melhor eu começar a aceitar os elogios de bom grado…
Você já publicou o livro "O Segredo do Cofre". Publicar mais livros está em seus planos? Você pretende um dia escrever sua autobiografia, ou pelo menos um livro que conte os bastidores de suas viagens?
Tenho sido constantemente procurada por editoras que têm interesse na minha história, e/ou nas histórias que tenho pra contar. Estou estudando essa possibilidade, mas certamente não será nada pra esse ano, já que a minha agenda está lotadíssima no momento.
Numa entrevista à revista Veja de 2005, você disse que seu vício era as idas e vindas com o cigarro. Você conseguiu parar de fumar?
Já parei de fumar dezenas de vezes. A última foi em setembro do ano passado. Estou, portanto, não-fumante, há 6 meses. Torçam pra que eu resista, insista e persista!
Pra terminar, quais são seus planos para o futuro?
A cada dia tenho um plano novo, e acho que isso me move. Sou irriquieta, novidadeira, e muito pouco acomodada. Quando tudo parece estar no lugar, eu vou lá e mudo tudo. Então fica difícil falar de um futuro muito distante. Acho que só tenho um plano geral, e uma regra: ser feliz, sempre!