terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Versão brasileira

Os dubladores brasileiros são considerados um dos melhores do mundo, mas você sabe como começou a dublagem?

Por Tamara Lopes,
enviada especial do JE ao Rio de Janeiro

O cinema era mudo até 1927, e se você já viu filmes dessa época com certeza deve ter ficado com muita vontade de ouvir os que os atores diziam (as plaquinhas indicando as falas, não davam nem pro cheiro!). O problema foi resolvido com o filme “ O cantor de Jazz”, e a partir de então o mundo ouvia e se divertia com as maravilhosas histórias contadas na tela do cinema. Mas então surgiu um outro problema.

O mundo não falava o hollywoodinês, (entenda-se inglês) e os grandes estúdios viam as salas de cinema aos poucos perderem a euforia que tinham na época do cinema mudo. Para contornar a situação, alguns filmes tiverem dupla versão, com filmagens em Hollywood, em inglês, e em Paris, com atores franceses. Não adiantou. O custo era muito elevado e o retorno financeiro ainda não compensava todo o investimento. A solução apareceu alguns nãos mais tarde, em 1930, quando o diretor Jacob Karol, utilizou um sistema de gravação que permitia a sobreposição de vozes gravadas em estúdio, ao áudio original do filme. Era lançado o filme The Flyer, o primeiro filme dublado que se tem notícia.


Branca de Neve e os Sete Anões, filme marcou a história da dublagem no Brasil.

Depois de ganhar espaço na Europa, os filmes dublados chegavam ao Brasil no final da década de 30, onde por aqui os filmes eram ainda legendados. Em 1938, um ano após o lançamento nos Estados Unidos, saía nos cinemas brasileiros a Branca de Neve e os Sete Anões, um dos marcos da dublagem brasileira, que teve direito a composições das músicas do filme em português e ainda dublagem de verdadeiras celebridades da época. Hoje um dos mais conhecidos estúdios de dublagem do país fica no Rio de Janeiro, é o famoso Herbert Richers, que leva o nome do dono e fundador, um dos pioneiros na dublagem nacional.

Aqui no Rio, Tive a oportunidade de conhecer outro estúdio de dublagem e conseqüentemente os dubladores. O ritmo não é tão frenético mais o trabalho chega a ser exaustivo, ficar durante algumas horas dublando a mesma pessoa, não é uma das melhores experiências quando se tem o calçadão te esperando. Muitos já têm seus atores fixos, como o próprio dono do estúdio, que dubla o ator Jim Carrey. “Quando se consegue um papel desses não é nada ruim” diz o dublador Marco Ribeiro. Cuidar da voz e da mente é imprescindível. Opa! A voz tudo bem, mas como a ‘mente’? Imagine ficar três horas sentada, ouvindo o diretor dizendo: “não é assim, eu já disse... até a hora que ficar perfeitamente... perfeito!” A perfeição, caro leitor, neste ramo existe, sim! Tudo é muito bem cronometrado, uma respiração a mais e tudo volta ao começo, e quanto mais tempo mais cansaço todos sentem.

Fora isso, o trabalho é muito recompensador, muitos ganham mais de três salários mínimos em apenas uma dublagem, personagens fixos te dão uma boa renda, para não precisar se preocupar com dinheiro por uns três meses. A demanda em São Paulo é grande, o bairro da Liberdade é considerado o berço pra quem pretende seguir uma carreira de dublador, Estúdio é o que não falta e trabalho também. Mas não basta vontade! Para ser dublador você deve fazer um curso de teatro, inicialmente, para ter a carteira de dublador com a especialização.