segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A arte de fazer dinheiro

No período pós-crise, é bom negócio investir na bolsa de valores?

Por Egnaldo Lopes
egnaldo@jeinforma.com
Editor do JE em Goiânia


Investir: esta é a palavra sempre presente nas rodas de conversas sobre a maneira de aplicar rendimentos pensando num futuro em longo prazo, mas não adianta a compreensão de que dinheiro parado não é bom negócio; antes de tudo tem-se que saber como investir, pois muita gente deixa de ganhar boa quantia monetária ao ser demasiadamente tradicional nas escolhas de como aplicar seu dinheirinho. Esta certo que toda aplicação tem seus pontos positivos e negativos, mas não há como negar que a compra e venda de ações no mercado das bolsas de valores vem se tornando cada vez mais interessante aqui no Brasil, já que mesmo em tempos de crise, as quedas duraram menos de um ano e os índices correspondentes à sua valorização já voltaram ao patamar do ano passado, quando o país ainda achava que tudo não passaria de uma “marolinha”.

Afinal, 46% de valorização não é qualquer coisa; quem aplicou um mil reais em janeiro, está com quase um mil e quinhentos reais no bolso, se vendeu as ações no dia 30 de julho, mas quem esperou mais um pouquinho, se gratificou com o ânimo dos investidores na primeira semana de agosto e ganhou um pouco mais: só na segunda-feira, dia 04, a valorização foi de 2,47% (a semana fechou com 2,85% de aumento nos índices). Não é milagre, bastam bom ânimo e coragem para enfrentar um mercado que num dia pode estar respirando ar puro e no seguinte estar intoxicado pela fumaça de meras especulações e suposições a respeito da economia de um país ou mesmo da possível descoberta ou não de uma bacia de petróleo escondida nas profundezas do mar.

A comparação com os demais meios de investimento de capital deixam a Bovespa num patamar muito acima, já que chega ser de quase 90% a diferença de rendimentos em relação à segunda colocada: em julho, os fundos de renda fixa, com 0,7% de valorização contra 6,4% da Bovespa. Já a poupança, mais comum dentre os brasileiros de todas as classes sociais, teve a pífia valorização de 0,5% no mês passado. Investir na bolsa pode ser atraente para a classe média; o professor da FGV em São Paulo, Samy Dama, argumenta: “Com a queda das taxas de juros, o investidor deve buscar novas alternativas de investimento, como, por exemplo, a bolsa.”.

É certo que o brasileiro está arriscando cada vez mais em aplicar o dinheiro neste tipo de investimento, mas ainda é uma minoria muito grande dentre os que tem possibilidades e condições para tal; a insegurança proveniente da falta de garantias quanto ao valor a ser resgatado no momento da venda das ações causa temor e desconfiança ainda em muita gente que não consegue suportar a pressão de passar por momentos turbulentos como o que passamos recentemente, quando as ações na bolsa desvalorizaram-se e atingiram um patamar muito baixo em comparação com os últimos quatro anos em que muita gente viu o dinheiro se multiplicar, sabendo comprar e vender suas ações no momento certo e mais adequado. Atualmente, “[...] existem alguns acreditando que o mercado está muito eufórico e que o melhor agora é cautela, existe outra corrente que acredita que o mercado pode se valorizar muito ainda em curto período de tempo. Pessoalmente, acho que o mercado deve ter ainda muita volatilidade e o melhor a fazer é diversificar o investimento com bons papéis e sempre acompanhar as informações do mercado, pois desta forma pode-se vender com lucro e, entrar novamente comprando com a queda para buscar novos lucros no curto prazo.” É o que explica o já nosso parceiro, o economista Marcus Antonio Batista, autor de ‘Erros e Acertos na Gestão do Dinheiro’ (Kelps).

Um ano agitado para o Brasil como será 2010, com eleições presidenciais (a primeira sem ter Lula como candidato desde que este que vos escreve nasceu, na década de 80), pode significar uma turbulência no mercado de ações, tal qual em 2002 ou a segurança de um governo mais centrado e compromissado com o bom andamento da economia do país, poderá ser passada para os investidores pelos novos candidatos, possivelmente a ministra Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, José Serra, como o já então presidente Lula e o candidato Alckmin conseguiram em 2006? Para os especialistas, não deverá haver problema em relação às eleições, já que se conhece muito bem a política dos grupos com reais condições de reassumir o poder: segundo Marcus Batista, “A política pode interferir no mercado de forma positiva ou negativa. Como a gestão do atual governo não é mais novidade para o mercado, acredito que se houverem interferências negativas será no curto prazo, pois o mercado já está acostumado com a gestão do PT no Palácio do Planalto.”. Para Samy Dama, o cenário internacional é o que realmente pode interferir no mercado de ações, tão somente: “Não acredito que haverá turbulência pelo ano eleitoral, não obstante, o cenário mundial ainda é incerto”.

Pra quem já está animado pelos números deste ano, disposto a investir, há várias maneiras de se tornar um acionista: utilizando-se do sistema de Home Broker, através de uma corretora da Bovespa, para qual o investidor paga apenas uma taxa de serviços. A corretora intermedeia sua compra e venda de ações que pode ser feita via internet a qualquer momento, mesmo de sua casa; o que é diferente daquele que quer investir com uma quantia inferior a casa dos milhares, quando pode ser mais atraente o investimento através de fundos negociados por grandes empresas. Em qualquer caso, tem-se que buscar cada vez mais informações para não transformar a esperança de um dinheiro bem investido num pesadelo. É o que esclarece Dana, ao afirmar que o Home Broker “É indicado para pessoas que não possuem somente habilidade no uso da internet, assim como conhecimento sobre investimento em bolsas”. Animado? Ainda com um pé atrás? Vai aí uma dica de qual o melhor caminho para quem não quer arriscar aplicar o dinheiro na compra de ações na Bovespa: “Isso vai depender do valor que se vai investir e do perfil de cada investidor. No mercado atual existem boas estratégias no mercado de derivativos com ganho mensal médio de 2% e que já se faz o hedge [seguro para proteger a operação] de alta no momento da operação (operação travada). Quem quiser investir pode começar com no mínimo R$ 5 mil (detalhe: investe-se em companhia sólidas como Petrobrás, Vale e outras).”, afirma Marcus Batista.


+Conteúdo
[]Leia a entrevista para essa reportagem

[]Marcus Antônio Batista