Opinião
Brasil promete honrar as Olimpíadas em 2016
Por Romullo Assis
do JE no Rio de Janeiro
Nas ruas cariocas é comum encontrar todo o tipo de infrações. O trânsito congestionado acaba por congestionar os motoristas: quase que uma síndrome congênita. Os ônibus superlotados se transformam na carta na manga das propagandas do IPVA – “você deseja estar aqui? IPVA 2009.” Metrôs, um caos total, pois a cada dia parecem mais cheios. A violência é uma constante. A Cidade Maravilhosa, sob vários pontos de vista, não tem mais para onde crescer. O carioca já não tolera mais a estafa, sua companheira diária.
Eis que no dia 02 de outubro, o que todos desejavam aconteceu. O Rio de Janeiro foi escolhido para sediar as Olimpíadas de 2016. Exatos 2792 anos após os primeiros Jogos Olímpicos que foram realizados na Grécia, o Cristo Redentor receberá as mesmas honras prestadas aos deuses primevos.
Os Jogos, ao longo de sua trajetória, marcaram a História. Não apenas pelo lado desportivo, mas pelos eventos que os circundaram. Desde interrupções (obras de imperadores e Grandes Guerras), chacinas como a de Munique à reestruturação e boom turístico de Sidney e Pequim.
Para a escolha do país sede, são realizados dois processos seletivos. No primeiro, o COI (Comitê Olímpico Internacional) avalia cada nação de acordo com 11 critérios. Na segunda, mais exigente, a Comissão Avaliadora visita cada país, analisando 17 itens, dentre os quais apoio político, legislação, legado, fronteira, meio ambiente, marketing, finanças, locais de prova, Para Olimpíadas (e as condições para realizá-las), vila olímpica, saúde, segurança, acomodações, transporte, tecnologia, mídia e cultura.
Não é por menos que muitos – se não todos – os brasileiros se emocionaram com a notícia. Saber das potencialidades de sua nação é um fato marcante. Não que isso seja bom pelo fato do Brasil se encontrar à frente de Madrid e Chicago na disputa. Não se trata de uma corrida, mas de uma constatação de que o Brasil cresceu muito. Tirando as diferenças entre altíssimo PIB e altíssima concentração de riquezas, dá para se notar que o governo tem investido em inúmeros projetos para a melhoria da qualidade de vida.
Espera-se que os quase 30 bilhões investidos para qualificar o Rio para as Olimpíadas de 2016 reflitam em políticas públicas que melhorem a infra-estrutura da cidade como um todo e por um período mais extenso do que a duração dos jogos. Novos centros desportivos implicam em mais crianças treinando e menos nas ruas.
O problema de trânsito citado no começo deste artigo é mais do que necessário. Qualificar o SUS, construir mais UPAs, melhorar o atendimento e a qualidade da saúde pública, assim como a segurança, a educação (que será notada em cursos de capacitação), enfim o que é de direito do cidadão brasileiro, poderá sofrer mudanças positivas. Basta aos políticos exercerem o seu papel, assim como o povo, bem informado pela mídia em seu dever de cobrar daqueles que estão no poder.
Desta forma, o Zeus carioca, em cima do Corcovado será honrado com a justiça, e o sentimento de nacionalismo e equipe que se instauram há 2785 anos.