quarta-feira, 13 de dezembro de 2006



Pesquisa realizada com 120 pessoas em São Paulo, pelo JE Informa, mostra que todo mundo anda com a cabeça nas nuvens...






O que você estava fazendo no dia 21 de abril do ano passado? O que você almoçou na sexta feira da semana retrasada? Qual é a cor das suas meias, que você está usando agora?

Se você não foi capaz de responder a nenhuma dessas perguntas, se acalme você não tem nenhum problema. 99% das pessoas normais não lembrariam disso. A memória, apesar de complexa, exclui tudo o que não é importante para nós, saber o que você almoçou na semana retrasada provavelmente não fará a menor importância no dia seguinte. Mas se a sua memória apaga tudo o que não é importante, o que isto quer dizer.



Acredite, nem dois meses após as eleições o JE foi às ruas e perguntou: Você se lembra em quem votou para Deputado Estadual? A resposta acima, até nos surpreendeu. Vivemos num país sem memória? Uma pesquisa divulgada recentemente pela Universidade de São Paulo, USP, mostra que o estresse pode sim atacar a memória. Quanto mais estressado, mais o organismo produz a substância cortizol, um antiinflamatório natural do organismo, que a longo prazo pode matar aos poucos os neurônios, células nervosas, que não se reproduzem, ou seja, na falta delas a memória vai para o espaço. Um país que vive com escândalos políticos, uma atrás do outro, deixa a população cada vez mais estressada. Seria este então o motivo para tamanho esquecimento? Nem tanto. É o que afirma o neurologista Paulo Henrique Bertolucci. “Esse esquecimento é muito mais social do que realmente neurológico, hoje se você for notar, a população acha que quem realmente faz alguma coisa, é o prefeito, o governador, o presidente, não o legislativo” diz. “O estresse não ataca esta parte da memória, que é a parte seletiva, ou seja, se esquecem é porque acham que não precisarão cobrar nada.” completa. Se o Brasil trata os políticos como almoço da semana retrasada, segundo o neurologista Bertolucci, motivos para isso nós temos. “A memória apaga o que não vamos usar, e isso é natural, não há estresse nisso, apenas uma cansaço. Na época do Mensalão todos prestavam muita atenção a tudo, o que acabou virando uma bela pizza, o cérebro entende que aquilo foi inútil e apaga. Com várias informações do mesmo tipo, há um costume delas irem direto para o lixo.” continua. “Essa história de memória fraca é da geração sanduíche, que não cresceu na era da internet, mas teve que se acostumar a ela, a faixa dos 30, que fica no meio dos de 50 que mexem muito pouco, com os de 20 que já cresceram com esse mundo mais agitado” afirma.

Casos realmente sérios e que nem se comparam a esses são os de estupro, seqüestro, ou violentações, principalmente quando criança. “Nesses casos nem há uma perda, porque os hipocampos, área do cérebro em que se encontra a memória, nem se desenvolvem normalmente, eles são menores”. Em casos como estes só existe tratamento por remédios e por tratamento psicológico.

Mas para os desmemoriados, os cuidados além de evitar o estresse, seguem recomendações do tipo, cuidar dos diabetes, hipertensões, caso existam, e outras doenças que possam afetar o cérebro. Ter atividades mentais, ler e escrever são ótimas, palavras cruzadas também, “Mas só se estiver a fim, senão não resolve” brinca Bertolucci. E por último, ter outra atitude em relação a percepção das coisas, assista ao telejornais, fique informado sobre a política e o que anda acontecendo com ela, afinal memória só se perde, quando se tem algo a perder.