sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Bate Papo - Nesta Edição Com Luiz Carlos Azenha

Ele já viajou por mais de 40 países, atuou como correspondente três anos em Nova Iorque pela TV Globo e agora de volta ao Brasil, dá continuidade ao projeto que começou nos States. O JE bateu um papo com esse jornalista que já viu o mundo.





Bate papo concedido ao editor Fernando Galacine

Caricatura por André Marangoni




JE - Você já passou por várias emissoras, entre elas Manchete, SBT e agora na TV Globo. Quais são as características que cada uma tem em especial, que as tornam diferentes.

É bem difícil responder isso, trabalhei em cada uma delas em épocas diferentes, em contextos diferentes, não tem como fazer uma comparação. Elas não eram tão diferentes entre si, seguiam uma mesma linhagem. Linhagem esta que a Globo que implementou no Brasil, por volta da década de 70, e não só no seu jornalismo mas também na dramaturgia, no entretenimento, no conteúdo em geral.. Com essas mudanças e o grande IBOPE que elas conseguiam, as outras emissoras começaram também a copiar esse modelo de jornalismo, por tanto não há como diferenciar o trabalho de uma e de outra, todas iam pelo mesmo caminho.

JE - Como foi a sua chagada na TV Globo?

Já havia trabalhado na Globo no início da minha carreira, saí, trabalhei como correspondente por longos anos, e estava morando nos Estados Unidos, quando a Globo me contratou em 2000. Voltei para o Rio, e fui mandado para Nova Iorque em 2001, fiquei lá até 2005, quando voltei ao Brasil.

JE - Qual era o lado bom de viver em Nova Iorque?

É a cidade que reúne a cultura do mundo todo. As notícias surgem e são dadas em maioria das vezes em primeira mão. Geralmente a imprensa de vários países fica informada através das notícias que são dadas primeiramente por lá. A imprensa brasileira, nem tanto, estamos num patamar bem desenvolvido, mas Nova Iorque continua sendo fundamental para qualquer grande notícia.

JE - E o lado ruim?

O frio. São quase oito meses com temperaturas insuportáveis.

JE - Todo mundo tem erros que não esquece nunca, qual é o que mais te persegue?

Bom, eu tenho milhares... (risos) Mas os que eu não consigo esquecer, dos inúmeros que eu já cometi foi uma vez que eu, cobrindo a queda do Muro de Berlim, fui entrevistar um brasileiro que estava lá tranquilamente olhando o acontecimento. Comecei a conversar com aquele senhor. Entrevistei-lo, e fui embora, depois quando enviei a reportagem, uma editora me disse que eu havia entrevistado Rubem Fonseca, eu nem se quer conhecia o rosto do sujeito, ele não era de dar entrevistas, e eu que consegui uma, fiquei lá, inerte.
Teve outra, esta aqui no Brasil, que foi um pouco mais séria. Eu fiz uma reportagem exaltando o então Governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira, mostrando suas obras e melhorias que estava fazendo no estado.
Mas na época a oposição já o acusava de estelionato e outras diversas fraudes no governo. Não ouvi muito essa opinião decidi manter o foco, nas boas ações do Governador. Alguns meses depois a crise no governo do Espírito Santo começou, com direito até a intervenção federal. Senti-me culpado por não ter analisado melhor os dois lados da história.

JE - Você é repórter especial da TV Globo. É claro que nem sempre uma promoção na área do jornalismo, principalmente na sua, que é a de reportagem, significa ganhar uma bancada. Mesmo assim, você almeja se tornar um âncora?

Não, se o sistema de telejornalismo continuar assim. A informação está ganhando novas dimensões, hoje qualquer um que tem banda larga, um software de edição e uma web cam pode fazer o seu próprio jornal. O âncora de hoje não irá ter mais razão de ser, qualquer um pode ler uma notícia ou editar uma informação, quero ser âncora a partir do momento que a televisão for outra, que eu possa opinar em cima de cada notícia e deixar claro o meu ponto de vista.

JE - Mas a TV Globo é conhecida pelo padrão que muitos consideram até engessado de mais, não é?

Sim, mas as coisas vêm mudando. E as mudanças nesse sentido sempre aconteceram nos telejornais da manhã. O Bom dia Brasil é um exemplo de como o jornalismo vem se humanizando. A Record vem fazendo sucesso por misturar entretenimento com notícias, e está dando certo. Acho que esse vem sendo um novo caminho no telejornalismo em geral.

JE - Você já deixou de tocar em algum assunto por divergir da convicção da TV Globo?

Não nunca deixei, tenho um contrato de trabalho, não alugo meu cérebro. Se tiver algum ponto de vista diferente que a Globo defenda é claro que eu vou defendê-lo, não vou passar por cima de minhas idéias e opiniões.
É claro que tratar de coisas de dentro da emissora, como as relações entre mim e os demais funcionários, da vida particular dos meus colegas, ou até mesmo conversas que por ética devem ficar dentro da redação, eu não vou escrever no meu site, isso por respeito e também por contrato, mas idéias e opiniões sempre serão discutidas.

JE - Você não é o único jornalista da televisão a ter um espaço independente da sua emissora para expor opiniões, você acha que sites pessoais de jornalistas deverão aumentar?

Com certeza, e isso é o futuro do jornalismo, opinião direta com o leitor, uma humanização da informação. O que difere é que nós somos conhecidos e conhecemos muitas coisas, temos mais autoridade no assunto, mas com novas tecnologias, todos serão repórteres e comentaristas de si mesmo.


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