Por Mirah Dariz, do JE em Roma e Luciano Raduy, do JE em Guangzhou
Imagine Paris. Provavelmente a imagem que lhe vem não é de pessoas mergulhadas em fontes d’água em plena capital francesa. Nem tão pouco poderia imaginar pessoas de regata na região dos Alpes, no sul da Áustria e Alemanha. Pois essas paisagens, tão atípicas da Europa, estão preocupando não só a população, mas como todos os governantes do bloco. Com a amarga lembrança de um verdadeiro caos climático há quatro anos, onde centenas de pessoas morreram devido ao calor, os europeus estão com a vida praticamente paralisada. Na Grécia, onde a temperatura chegou a 43 graus, o Governo dispensou todo o funcionalismo público após o meio-dia.
Na França, que teve o seu governo criticado por medidas pouco benéficas à população, em 2003, está em máximo alerta, principalmente com os idosos e crianças. Em Berlim, uma empreiteira lançou a campanha ‘não se queime’ para evitar exposição exagerada ao Sol de todos os seus funcionários. Num clima beirando ao abafado em algumas regiões mais próximas ao mar e extremamente seco, como aqui na Itália, todo cuidado é pouco para que um acontecimento no tempo não vire um acontecimento na economia. Com inúmeros pontos de queimada ao sul do país, o Governo italiano está convocando a população para que tentem deter ao máximo os focos de incêndio em todas as florestas da região. Entram em ação os ‘ Vigilantes do Fogo’, que ficam apostos a todo sinal de fumaça. Afinal, os incêndios além de destruírem os ecossistemas de muitos bosques, degradam a paisagem e conseqüentemente espanta os turistas, uma fonte de renda importante da região, que além de ter zonas residenciais afetadas, estão com várias terras agrícolas ameaçadas. O pior de tudo, é que muito dessa ameaça é criminosa: muitos vizinhos já foram detidos em flagrante por colocar fogo na propriedade alheia. Essa é uma forma de vingança, já que a concorrência no mercado por parte desses produtores é muito alta.
Além disso, alguns colonos aproveitam o tempo seco para atear fogo na palha restante das plantações. Com medo da degradação dos helicópteros, que auxiliam no combate ao fogo, pelo calor, o corpo de bombeiros aqui de Roma, faz o que pode e alerta toda a população sobre os riscos de jogar um cigarro aceso no chão, por exemplo. Mas a capital romana, apesar de sofrer com incontáveis quedas de energia por sobrecarga do sistema elétrico, está com boa parte dos estabelecimentos fechados. Mas o motivo é outro: as férias. Com calor tão insuportável em todo o Velho Mundo, os tão famosos turistas italianos que sempre viajam a procura de climas mais quentes nessa época do ano, estão justamente fugindo para lugares nem tão ardentes assim, o que por aqui devem ficar nessa situação até o final do mês.
Faz calor também na China. Mesmo cidades como Pequim e Tianjin, que no inverno têm temperaturas inferiores a 10 graus negativos, estão sofrendo com a onda de calor. A máxima na capital hoje será de 38 graus. Haja sorvete de feijão, leque, arroz glutinoso gelado no palito, chá bansa (chineses acreditam que, ao tomar este tipo de chá, o mais amargo de todos, o calor interno é dissipado)...
Xangai registrou, no último domingo, uma temperatura recorde de 39,6 graus, a mais alta nos últimos 63 anos. O Departamento de Meteorologia da cidade vem alertando a população sobre as consequências das elevadas temperaturas. Há preocupações quanto ao consumo recorde de água e eletricidade, o que pode causar prejuízos graves no fornecimento de ambos os recursos. O Departamento também cita o dramático aumento nos casos de mal-estares relacionados à exposição ao calor excessivo.
O calor vem afetando até mesmo o cotidiano da polícia da municipalidade de Chongqing, oeste da China. De acordo com o “zhong guo ri bao”, as ocorrências criminais em julho tiveram um aumento de 30% em relação ao mês de junho (sinal de que o honorável, “zen” e paciente povo chinês tem, sim, sangue passível de ebulição).
Desastres climáticos atingem a China com frequência, principalmente tempestades, que provocam enchentes e deslizamentos de terra em uma dezena de províncias, municipalidades e Regiões Autônomas na região sul do país. Em Junho, pelo menos 349 pessoas morreram e outras 99 estão desaparecidas devido às tempestades, que causaram ainda uma perda de 20.2 bilhões de yuan (R$ 5,32 bilhões), de acordo com a Administração Meteorológica Central Chinesa.Agosto, o mês mais quente do ano aqui na China, está apenas começando. Dias grudentos nos esperam...
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