segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Memórias Olímpicas



Por Fernando Galacine
Editor do JE em São Paulo


O nadador norte-americano Michael Phelps tornou-se o atleta com maior números de medalhas em edições dos Jogos Olímpicos. E a nossa seleção feminina de ginástica artística pode ter ficado em último na final entre equipes, mas vale lembrar que até duas edições olímpicas atrás nossas meninas nem sequer classificavam-se até onde chegaram em Pequim. Essa edição dos Jogos, que ainda nem chegou a metade, já está recendo marcas históricas. O JE vasculhou os arquivos das Olimpíadas e traz agora cinco outros grandes momentos que todos têm na memória.


Quase lá...
A Maratona é, sem dúvida, um dos poucos esportes que representam tão bem os Jogos Olímpicos onde quer que eles aconteçam. E quando os Jogos foram realizados em Atenas, em 2004, a Maratona teve um quê mais especial. Diante da tela da TV, milhões de brasileiros acompanhavam orgulhosos o corredor Vanderlei Cordeiro de Lima liderar a prova símbolo daquela edição olímpica, quando de repente um homem vestido com saias faz parar toda uma nação. Protestando sobre assuntos religiosos, o ex-padre irlandês Cornelius Horan agarrou o atleta brasileiro por alguns segundos no auge da prova. O suficiente para que Vanderlei perdesse velocidade e concentração. O sonho de uma medalha de ouro no finalzinho das competições já não existia mais. Porém, Vanderlei ajudado por um simpático velhinho italiano continuou a prova e chegou em terceiro lugar, garantindo muito mais que uma medalha de bronze ao Brasil. Pelo seu espírito pra lá de esportivo, Vanderlei ganhou a honraria Barão Pierre de Coubertin, algo que havia sido concedido uma outra única vez para um atleta sul-coreano que abandonara a prova de vela, para salvar uma pessoa que havia caído ao mar. Depois dessa quem se importava com uma simples medalha de ouro?


Bem acordados
Os Jogos de Pequim tem seu auge de competições diárias durante a madrugada ocidental. O que faz muita gente perder, ou não, o sono. Mas em 1992, em Barcelona, todos estavam muito bem acordados quando o time dos sonhos de basquete entrou em quadra. Pela primeira vez na história dos jogos os Estados Unidos deixaram de levar seus atletas universitários e carregaram rumo à Espanha seus lendários jogadores profissionais. Primeiro e único, a seleção contava com Michael Jordan, Magic Johnson e Larry Bird que, literalmente, voava em quadra junto com outras estrelas norte-americanas. Algo que o mundo aplaudiu de pé e bem acordada, é claro.


Devagar e sempre

Quando Gabrielle Andersen-Scheiss entrou cambaleante no estádio Olímpico de Los Angeles, em 1984, a platéia e o mundo ficaram atônitos. Arrastando-se por intermináveis minutos pelos metros finais da prova, a atleta suíça recebia a cada passo palavra de incentivo, flashes e muitos aplausos. À beira da morte por exaustão, Gabrielle caiu assim que cruzou a linha de chegada, uma das imagens mais marcantes da história dos Jogos. E virou celebridade. Tudo graças a um intenso despreparo físico de Gabrielle, instrutora de esqui e que entrou para competir a Maratona por diversão.


A cor que interessa é a dourada
A Alemanha ainda não tinha Adolf Hitler no poder quando Berlim se candidatou sede das Olimpíadas de 1936, em 1932. Vencendo a disputa com Barcelona e ganhando o direito de sediar os Jogos, a capital alemã, agora sim nazista, se transformou num dos lugares com maior perfeição no mundo para a pratica de qualquer tipo de esporte. Eram as ordens de Hitler, que com obras ultra-modernas e luxuosíssimas para a época, queria mostrar a superioridade da raça ariana sobre todas as outras. Mas, para o desespero do chefe do estado alemão, suas teorias mostraram-se completamente equivocadas. Diante dos olhos abismados de Hitler, o atleta norte-americano Jesse Owens batia ou igualava recordes após recordes em provas de revezamento, salto à distância ou corridas de 100m e 200m. Owens, dono de um carisma contagiante, fez despertar a simpatia do frio povo alemão, e a fúria dos chefes do partido Nazista. Vencedor de inúmeras provas, Owens, que era negro, chegou a esperar demorados instantes para receber suas premiações devido a recusa dos partidários de Hitler em entregar as medalhas douradas que o atleta conseguira. Prova mais do que concreta que independente dos atletas que chegaram um último, o pior perdedor nesses Jgos foi a prepotência de Hitler.



Detalhes perfeitos
Ícone entre a presença feminina de toda a história dos Jogos Olímpicos, Nadia Comaneci foi a primeira ginasta do mundo a conseguir o tão cobiçado 10 num esporte muito desconhecido até então para a maior parte das pessoas. Aos 14 anos de idade, a veloz atleta encantou platéias canadenses nos Jogos de Montreal em 1976. Aplaudida e premiada com três medalhas de ouro, uma de parta e uma de bronze, um verdadeiro feito para uma única atleta, Nadia chegou a voltar a competir nos Jogos de Moscou, em 1980, mas quatro anos mais tarde às vésperas das Olimpíadas de Los Angeles, após problemas de saúde, Nadia foi aos Jogos, como convidada, ainda sendo o centro das atenções. Seu rigor atlético, perfeição e simpatia garantiram a Nadia assim como a todos esses outros atletas, independente de medalhas, um lugar definitivo na história dos Jogos Olímpicos.