Com eleições adiadas e um governo interino acusado de corrupção, a fragilidade política de Israel fica ainda mais evidente com clima de Guerra.
Adriano Schiavon
de Jerusalém
A situação de combate em Gaza afetou também o largo cotidiano israelense que vai além das áreas onde foguetes lançados por guerrilheiros da Faixa de Gaza lançavam ritualmente contra algumas cidades mais ao sul. Além do tumulto que uma situação de combate agrega ao país, Jerusalém torna-se um pouco mais dividida entre os setores da cidade, ocidental e oriental, que permitem vivenciar opiniões diferentes sobre os ataques do país à região palestina. A maior parte dos árabes com os quais converso, e que são favoráveis ao Fatah, afirmam que Israel tem o direito de se defender, embora não concordem com os meios pelos quais o país está fazendo isso, e muito menos a quem estão, de fato, afetando. O Governo diz que não quer derrubar o Hamas, mas sim os guerrilheiros que lançam os foguetes contra o território, mas todos, israelenses e árabes, sabem que isso não é verdade. A credibilidade do governo não é nada alta. O premiê-interino Ehud Olmert, estava com seus dias um tanto quanto contados no governo de Israel, mas com os combates as eleições legislativas que iriam acontecer em Fevereiro foram suspensas por enquanto. Olmert pediu sua renúncia ano passado, quando foi acusado por opositores, e também pela imprensa, de receber propina de alguns empresários ligados ao setor bancário. Nessa confusão, a chanceler Tzipi Livni, até tentou barrar novas eleições, tentando acordos com líderes de outros partidos para que ela pudesse comandar o novo governo, mas não adiantou. Com um primeiro-ministro tão sensível a opiniões públicas, que são ferrenhas por aqui, Olmert acaba pisando em ovos ao tomar qualquer tipo de decisão e com o agravante que a imprensa local costuma deixar bem claro: o mundo está de olho em Tel-Aviv, capital administrativa do país.