quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Exemplo francês

Sarkozy mostra-se disposto a mediar um segundo conflito internacional em menos de um ano. Mas causa embaraços.



Vinícius Lambrigde
de Paris

A temperatura em Paris nesse sábado não era uma das mais convidativas para qualquer tipo de passeatas. Mesmo assim quase 20 mil pessoas protestaram pelas ruas e avenidas da capital francesa contra Israel e os ataques que o país tem realizado na faixa de Gaza. O sentimento que tomou conta de descendentes de árabes e não só deles, mas como de vários franceses, islâmicos ou não é uma prova que a imagem de Israel não é uma das melhores nessa região da Europa. Ações antissemitas não são comuns, mas lugares freqüentados por judeus, incluindo zonas comerciais e sinagogas estão em alerta. Mesmo a maior parte da população francesa ser contra os ataques israelenses à Gaza, o Presidente Francês Nicolas Sarkozy já começa conchavos dentro e fora da França, incluindo países árabes e Israel para conter a onde de violência no Oriente Médio. “Ele [Sarkozy] está à frente das negociações para a paz em Gaza, muito mais porque os Estados Unidos estão no processo de transição de Governo, do que por outro motivo”, diz o professor francês de sociologia Jean Parduar, ouvido pelo JE Informa.

O motivo sendo esse ou não, a França tem tomado medidas pioneiras em outras crises, como a da Geórgia, quando tentou costurar um acordo e paz entre a Geórgia e a Rússia. Sarkozy, que anda com crescente popularidade, após algumas medidas para contornar a crise financeira francesa, principalmente ajudando setores mais pobres da população, já entregou a presidência rotativa da União Européia à República Tcheca, mas isso não parece ter se tornado uma barreira para as viagens diplomáticas do presidente francês. Sarkozy reconhece que o Hamas é quase incontrolável e diz que o tempo não está a favor de uma solução de tranquilidade em Gaza. No entanto o líder francês tenta, através de palavras, convencer tanto Israel, quanto o lado árabe, entende-se Síria e Egito, a contribuírem, seja em forma de credibilidade junto ao Hamas, seja em autorizar a entrada de ajuda humanitária nas áreas atingidas, para que uma situação melhor [Sarkozy ainda não pediu literalmente paz] aconteça em Gaza.