Perdas com má utilização dos alimentos deixam ainda mais caros os custos da alimentação com qualidade; saiba como aproveitar melhor o que você compra
Por Fernando Galacine
edtor do JE, em São Paulo
Fale sobre o Brasil para qualquer gringo e ele provavelmente responderá Carnaval, caipirinha e feijoada, não necessariamente nessa ordem.
A verdade é que somos conhecidos tradicionalmente pela nossa culinária farta e saborosa. Porém, dois ícones dessa fama, a caipirinha e a feijoada, revelam algo curioso. O que é uma das bebidas mais populares do país senão uma mistura de cachaça, gelo e limão, inclusive a casca? E o que era a feijoada, prato criado por escravos africanos no século XVIII, senão uma forma de reaproveitar os restos de alimentos jogados fora pelo senhorio?
Exemplos como esse permitem afirmar que o brasileiro sempre soube utilizar muito bem todas as propriedades que os alimentos podem oferecer. Isso continua atualmente?
A verdade é que somos conhecidos tradicionalmente pela nossa culinária farta e saborosa. Porém, dois ícones dessa fama, a caipirinha e a feijoada, revelam algo curioso. O que é uma das bebidas mais populares do país senão uma mistura de cachaça, gelo e limão, inclusive a casca? E o que era a feijoada, prato criado por escravos africanos no século XVIII, senão uma forma de reaproveitar os restos de alimentos jogados fora pelo senhorio?
Exemplos como esse permitem afirmar que o brasileiro sempre soube utilizar muito bem todas as propriedades que os alimentos podem oferecer. Isso continua atualmente?
Mudança de hábito
Há quase sete anos, entre julho de 2002 e julho de 2003, o IBGE saiu às ruas para pesquisar as mudanças nos hábitos da família brasileira, entre eles os alimentares.
Constatou que, com variações regionais e por classes sociais, a renda média da família brasileira era de R$ 1.789,66. Desse valor, aproximadamente 20%, ou cerca de R$ 350,00, eram gastos com a alimentação.
Segundo o próprio IBGE, 47% dos 182 mil entrevistados em todo o país consideravam a quantidade de alimentos consumidos por mês normalmente ou eventualmente insuficiente. Dados como esses podem sugerir que uma alimentação de qualidade no Brasil é cara, mas também podem indicar que o brasileiro é mal remunerado. Na verdade, nem um, nem outro, explica a nutricionista Camila Mendes Kneip da ONG Banco de Alimentos. O maior problema está no que entra na despensa do brasileiro e como isso é utilizado, principalmente quando o assunto é sentar-se à mesa.
Constatou que, com variações regionais e por classes sociais, a renda média da família brasileira era de R$ 1.789,66. Desse valor, aproximadamente 20%, ou cerca de R$ 350,00, eram gastos com a alimentação.
Segundo o próprio IBGE, 47% dos 182 mil entrevistados em todo o país consideravam a quantidade de alimentos consumidos por mês normalmente ou eventualmente insuficiente. Dados como esses podem sugerir que uma alimentação de qualidade no Brasil é cara, mas também podem indicar que o brasileiro é mal remunerado. Na verdade, nem um, nem outro, explica a nutricionista Camila Mendes Kneip da ONG Banco de Alimentos. O maior problema está no que entra na despensa do brasileiro e como isso é utilizado, principalmente quando o assunto é sentar-se à mesa.
Folhas jogadas no lixo, em feira de São Paulo. Nem 'catadores de comida' levam.
De acordo com a ONG Banco de Alimentos, uma das maiores selecionadoras e distribuidoras de alimentos que seriam desperdiçados no Brasil, tudo que o país produz no campo 61% vai para o lixo.
Entre a colheita até a sua mesa, 44% da nossa produção agrícola já se perdeu: os outros 16% é você, consumidor final, que contribui para jogar fora. O desperdício de alimentos é um problema sério para a economia em geral e principalmente para o seu bolso.
Se aproveitássemos tudo o que levamos para casa, conseguiríamos reduzir, em média, ¼ das despesas com alimentação. Você se lembra dos gastos médios da família brasileira nessa área? Pois é, cairiam de R$ 350, 00 para R$ 262,00.
Produto completo
Dona Carmem Duarte, de 80 anos, costuma ir à feira quando está em São Paulo, longe do seu sítio localizado na interior do Estado. É uma consumidora rara. Sempre pede aos feirantes talos e folhas de verduras e legumes que outros clientes, geralmente os mais novos, pedem para serem cortados. D. Carmem, no entanto, diz que seus filhos e netos, igualmente a ela, não vão embora de feira sem o ‘produto completo’. “Eu tenho sítio e planto legumes, verduras... Meus oito filhos sabem utilizar tudo o que o alimento pode oferecer” diz D. Carmem.
Se os filhos da simpática senhora que cruza a feira com sua cestinha de palha souberem mesmo das propriedades que se escondem na parte desprezada das hortaliças e frutas, eles devem se surpreender.
“A casca de laranja tem três vezes mais vitamina C do que a polpa da fruta. Com cenoura e água com gás, você pode fazer um excelente e nutritivo suco, com o que ia jogar fora” explica a nutricionista Camila Kneip.
A ONG Banco de Alimentos ajuda 51 instituições beneficentes recolhendo alimentos, ainda em condição de consumo, tanto em feiras quanto em supermercados.
Outra atuação da ONG é conscientizar sobre a utilização completa dos produtos comprados. [veja dicas no box abaixo]
O consultor de empresas, Edino Martins, 47 anos, sabe de todas as vantagens de consumir os alimentos por completo, mas prefere levar as versões semi-prontas até mesmo na feira. “Moro sozinho e levo tudo picadinho e descascado para não ter trabalho em casa. Mesmo assim acaba sobrando muita coisa por falta de tempo em preparar. Jogo fora.” diz o consultor que gasta até R$60,00 na feira por semana.
Se os filhos da simpática senhora que cruza a feira com sua cestinha de palha souberem mesmo das propriedades que se escondem na parte desprezada das hortaliças e frutas, eles devem se surpreender.
“A casca de laranja tem três vezes mais vitamina C do que a polpa da fruta. Com cenoura e água com gás, você pode fazer um excelente e nutritivo suco, com o que ia jogar fora” explica a nutricionista Camila Kneip.
A ONG Banco de Alimentos ajuda 51 instituições beneficentes recolhendo alimentos, ainda em condição de consumo, tanto em feiras quanto em supermercados.
Outra atuação da ONG é conscientizar sobre a utilização completa dos produtos comprados. [veja dicas no box abaixo]
O consultor de empresas, Edino Martins, 47 anos, sabe de todas as vantagens de consumir os alimentos por completo, mas prefere levar as versões semi-prontas até mesmo na feira. “Moro sozinho e levo tudo picadinho e descascado para não ter trabalho em casa. Mesmo assim acaba sobrando muita coisa por falta de tempo em preparar. Jogo fora.” diz o consultor que gasta até R$60,00 na feira por semana.
Criatividade
Planejamento e criatividade são fatores que podem, sim, determinar uma alimentação mais saudável, rica em nutrientes e muito mais acessível para o brasileiro, não só pelo preço em si das hortaliças, frutas e legumes, mas pelo rendimento e versatilidade que podem ter.
Conhecido lá fora por fazer, utilizando restos, um prato principal de deixar gringo com água na boca, o brasileiro pode, se quiser, fazer um cardápio completo.
Conhecido lá fora por fazer, utilizando restos, um prato principal de deixar gringo com água na boca, o brasileiro pode, se quiser, fazer um cardápio completo.
Fonte: ONG Banco de Alimentos
Serviço
ONG Banco de Alimentos
Palestras e work shops para você saber aproveitar melhor os alimentos
Marque pelo telefone: (11) 2198-8000
Preço para contribuição: R$ 20,00
Endereço:
Av.Professor Manuel José Chaves, 300
Alto de Pinheiros - CEP:05463-070 - São Paulo - SP