domingo, 18 de outubro de 2009

Entrevista - Padre Juarez de Castro

Entrevista - Padre Juarez de Castro



Mineiro da cidade de Lavras, Juarez de Castro ordenou-se padre em 9 de dezembro de 1995, depois de concluir seus estudos em Santa Catarina e em São Paulo. Trabalhou no Santuário São Judas Tadeu  e depois nomeado como Secretário-Geral do Vicariato da Comunicação na Arquidiocese de São Paulo. Há três anos se dedicando a evangelizar pela canção, seu primeiro CD “Deus está Aqui” foi indicado para o Grammy Latino como melhor álbum de musica cristã. Em entrevista exclusiva ao JE Informa, Padre Juarez de Castro fala sobre a atuação da Igreja no passado e sobre sua vocação.



Por Evelyn Cusnier
evelyn.cusnier@jeinforma.com
do JE em São Paulo


JE Informa- Como senhor descobriu a vocação que tinha e há quantos anos foi ordenado padre?

Pe. Juarez - Pensei em ser padre quando tinha 18 anos. Tive vontade de me dedicar totalmente às pessoas e percebi que o sacerdócio seria o caminho para isso. À semelhança de Jesus que renunciou tudo para ser de todos vou tentando, apesar da minhas limitações, imitá-lo.

JE - O que é necessário para se tornar padre? São quantos anos de estudo no seminário e o que é estudado?

Para ser padre é necessário que o candidato sinta-se chamado - isto é - deve sentir no coração que Deus o chama. São necessários basicamente 10 anos de estudo. Estudos propedêuticos, mais duas faculdades: filosofia e teologia.

JE - Quais os maiores desafios ao se entregar à vida religiosa?

São os desafios que qualquer pessoas enfrenta ao assumir com responsabilidade sua vocação. Ser padre é tão exigente quanto ser pai de família. Em todas as vocações há necessidade de uma resposta diária àquele sim que um dia foi dado. Um sim que deve ser renovado diariamente.

JE - Além das funções básicas que todos conhecem, como rezar a missa por exemplo, quais outras funções que um padre possui e muitos desconhecem?

Além do padre cuidar de uma paróquia, rezando as missas, atendendo confissões, atendendo os doentes nos hospitais, dirigindo colégios, hospitais, obras sociais - muitos padres assumem outros trabalhos missionários. Muitos se dedicam aos meios de comunicação, às artes, músicas. Eu por exemplo, além dos trabalhos normais de um padre, tenho três programas de rádios diários em três rádios diferentes, faço três programas semanais de televisão, cuido do vicariato da comunicação da arquidiocese, e viajo o Brasil fazendo shows de evangelização.

JE - Na sua opinião porque a Igreja Católica é hoje a religião mais seguida no mundo?

A Igreja católica tem dois mil anos de história. Começa com o próprio Jesus Cristo e se desenvolve com uma proposta de libertação, tolerância, amor e solidariedade - tudo o que as pessoas procuram num relacionamento com Deus.

JE - Muitos são contra algumas atitudes tomada pela Igreja durante a Idade Média. Ex: indulgências, inquisição. Como o senhor vê este período? E como a Igreja se posiciona a respeito deste assunto atualmente?

A Igreja cometeu erros porque era dirigida por homens que são falhos. Tais erros existiram num período em que a Igreja não era administrada por somente pessoas ligadas ao clero. A história nos relata que neste período difícil da Igreja duas famílias se alternavam no poder da mesma (Borgia e Medici) essas famílias colocavam seus membros para administrar a Igreja e estes, sem nenhuma formação religiosa ou eclesial, usaram a Igreja para se promoverem e subjugar os outros. Mas felizmente esse período passou. A Igreja pôde expurgar esse tipo de comportamento dentro dela e voltar às origens e ao Evangelho.

JE - Existem pontos positivos da Igreja Medieval que a história não divulga?

Claro. Uma visão tacanha e medíocre sobre a idade média a chama de "idade das trevas". Seria impreciso e até historicamente errado classificar a Idade Média, como idade das trevas. A História e estudiosos sérios já não usam essa terminologia. Pensar que a Idade Média não produziu coisas boas para o mundo seria desconhecer a história. Na Idade Média a arte floresceu, a matemática se desenvolveu levando-nos ao conhecimento das leis da física, a química substituiu a alquimia e a literatura cresceu largamente sendo conservada e produzidas nos grandes mosteiros medievais.

JE - Que recado o senhor deixaria aquelas pessoas que criticam a Igreja por ações do passado?

Não é justo e nem honesto julgar atos passados a partir dos conhecimentos e dados que temos hoje. Isto seria desonestidade histórica. Ninguém realmente honesto usaria desse recurso.